5 corredoras e suas histórias inspiradoras

5 corredoras e suas histórias inspiradoras

Quando olhamos para a corrida de rua, é notório que as mulheres são maioria entre os atletas. Mas isso não se restringe ao campo visual. Segundo estudo realizado na USP em 2018, 42% dos participantes nas provas eram mulheres. Sim, corrida é coisa de mulher! E os números demonstram o crescimento na nossa participação nessa modalidade esportiva. Algumas por saúde mental ou física, outras para socializar ou ainda por gostarmos de nos desafiar, o fato é que nós descobrimos que a corrida é um importante aliado na busca por nossa melhor versão.

Mas nem sempre tivemos essa representatividade. A busca por espaço no esporte vem de muito tempo. Durante anos, a mulher foi proibida de correr longas distâncias, principalmente a maratona. Os argumentos? Na maioria das vezes eram norteados por um conhecido das mulheres: o machismo. Diziam que nós não tínhamos força física para suportar esse tipo de modalidade esportiva, que não era “coisa de mulher“. E, sem embasamento científico algum, acreditava-se ainda que correr poderia afetar nossa fertilidade.

Aqui no Brasil, por exemplo, até 1975, nós não podíamos participar da São Silvestre, uma das provas mais tradicionais do país, realizada desde 1925. Mas esse cenário começou a mudar por conta dessas mulheres que listamos aqui. Conheça essas 05 corredoras inspiradoras e saiba porque sua liberdade de correr se deve um pouco às histórias delas.

05 corredoras e suas histórias inspiradoras

Roberta Louise “Bobbi” Gibb

Angelfire.com | Foto: Reprodução

Até 1972, mulheres não eram aceitas na Maratona de Boston, a primeira maratona realizada anualmente, que acontece nos Estados Unidos. Mas, em 1966, uma mulher resolveu quebrar as regras e, mesmo sendo proibido, ela fez a prova. Roberta Louise “Bobbi” Gibb sempre gostou de correr e participar da competição era um de seus sonhos. Durante dois anos treinou para conseguir conquistar este sonho, mas sob alegação de que ela não era “fisicamente capaz” de participar, a organização não aceitou sua inscrição na prova.

Mas esse “não” não foi o fim da linha para Gibb. Com a vontade de provar que as mulheres eram sim capazes de correr uma maratona, tornou sua participação nesta prova um desafio pessoal. Após a largada da Maratona de 1966, ela esperou nos arbustos e entrou na corrida depois que mais da metade dos participantes já tinham partido. Durante o percurso, alguns homens perceberam sua presença correndo entre eles e deram apoio. Gibb chegou à frente de ⅔ dos corredores.

Mas, mesmo com esse resultado, com os cumprimentos do governador do estado de Massachusetts, John Volpe, na sua chegada, com o alvoroço da imprensa e comunidade esportiva para a mudança das regras, ela não teve a sua participação reconhecida oficialmente. Gibb correu em 1967 e 1968, ainda sem número de inscrição. Mas sua insistência em participar, mesmo que não reconhecida oficialmente pela organização, inspirou milhares de nós a lutar pelo espaço da mulher, não só corrida, mas também na sociedade.

Kathrine Switzer

CBS Boston | Foto: Reprodução

Kathrine Switzer foi a primeira mulher a participar da Maratona de Boston (EUA), em 1967, com número de inscrição. Contemporânea de Gibb, viveu a época em que apenas os homens podiam integrar quaisquer provas de rua no país. Na universidade, resolveu perguntar ao treinador do time de cross masculino se poderia treinar com eles, já que não havia uma equipe feminina de corrida. Não-oficialmente, Kathrine começou a correr com os rapazes. Foi quando conheceu Arnie Briggs, o carteiro da faculdade que havia se tornado uma espécie de diretor do time.

Depois de muito treinar e insistir com Arnie, seu treinador, da sua capacidade de concluir a prova, aos 20 anos, conseguiu. Ele a treinou para a Maratona de Boston e, como não tinha nenhuma especificação de sexo na inscrição para a prova, ela se inscreveu com o nome de K.V. Switzer.

Assim como aconteceu com Gibb, ao perceberem Switzer durante a prova, muitos homens demonstraram apoio. A exceção foi um dos diretores da maratona, Jock Semple. Em um determinado momento, ele correu enfurecido atrás dela, gritando “saia da minha prova e me dê esse número de peito!”. Para sorte dela (e nossa), seu namorado Tom Miller, de 115 kg, conseguiu empurrá-lo, enquanto seu treinador gritava “corra que nem uma louca!”. E ela correu e completou! Mesmo não tendo sua presença registrada oficialmente pela organização, Kathrine se tornou parte da nossa história.

Eleonora Mendonça

ESPN | Foto: Reprodução

Eleonora Mendonça cursava mestrado em educação física nos EUA quando o boom da corrida se espalhava pelo país. Eleonora começou a correr em 1972, mas quando voltou ao Brasil, o cenário era o oposto. Poucas pessoas participavam de corridas de rua, especialmente as mulheres. Em 1976, Eleonora Mendonça veio a São Paulo para correr a São Silvestre (que já aceitava a participação de corredoras) e notou que era a única prova de rua aberta a todos. Isso plantou uma semente nela.

Começou a disputar provas nacionais e internacionais e colecionou recordes e medalhas, mas não quis parar por aí. Eleonora passou a organizar eventos de corrida no Brasil, entre eles, corridas exclusivas para o público feminino. Se dividia entre ser corredora e entusiasta do esporte. Foi a primeira mulher brasileira a correr uma maratona olímpica, nos Jogos de Los Angeles (1984).

Eleonora se consagrou não só como uma corredora pioneira no Brasil, mas como uma mulher que lutou pelo espaço das corredoras brasileiras, não só as experientes. Ela abriu espaço para corredoras iniciantes também, organizando uma das primeiras corridas de rua para todos, com oportunidade de participação de atletas profissionais, amadores e novatas. Ela é um dos principais símbolos desse esporte no país.

Rosa Mota

Fair Play | Foto: Reprodução

Rosa Mota começou a correr em 1974 e, a partir de 1981, começou a competir pelo Clube de Atletismo do Porto, onde esteve até ao final da sua carreira. Participou da primeira maratona feminina que existiu, em Atenas na Grécia, durante o Campeonato Europeu de Atletismo em 1982 (foi também a primeira em que Rosa Mota competiu). Embora não fizesse parte das favoritas, Rosa ganhou a prova.

Ganhadora de medalha de bronze na primeira maratona olímpica, em Los Angeles em 1984, campeã da Europa em 1986, campeã mundial em Roma, em 1987, ouro olímpico em Seul, em 1988, Rosa colecionava vitórias. Em toda sua carreira, Rosa Mota disputou 21 maratonas entre 1982 e 1992, numa média de duas maratonas por ano (ganhando 14 dessas 21 corridas). Mas, apesar de todo este sucesso, Rosa Mota sofria de ciática. Em 1991, disputando o Campeonato Mundial de Atletismo em Tóquio, Rosa viu-se obrigada a abandonar a prova e finalmente retirou-se das competições quando não conseguiu terminar a Maratona de Londres no ano seguinte.

Mas Rosa entendeu seu papel no mundo da corrida, principalmente por ser uma referência não só como corredora, mas como mulher, e em 2004, organizou a maior corrida feminina em Portugal, com um pelotão de cerca de dez mil mulheres ajudando a arrecadar fundos para combater o câncer da mama. Foi considerada uma Embaixatriz do Desporto, e ganhou o Prémio Abebe Bikila pela sua contribuição no desenvolvimento do treino das corridas de longa distância.

No Brasil, Rosa Mota também tem grande popularidade, já que é a maior vencedora feminina de todos os tempos de uma das mais famosas corridas de rua do país, a Corrida de São Silvestre. Rosa venceu a prova por seis vezes e de forma consecutiva, iniciando tal feito em 1981, sendo uma grande inspiração para as corredoras.

Paula Radcliffe

The Independent | Foto: Reprodução

Nascida em 1973, em Nortwich na Inglaterra, hoje é considerada uma heroína para os britânicos, pelos seus excepcionais resultados no atletismo internacional. Dentre todos seus grandes resultados, é o recorde mundial dos 42.195 metros, conquistado na Maratona de Londres no dia 13 de abril de 2003, com a fantástica marca de 2h15min25seg, média de 3min12 por quilômetro, que lhe deu mais fama e credibilidade internacional. Paula Radcliffe foi eleita Atleta do Ano de 2002, pela IAAF – Associação Internacional de Federações de Atletismo. Ela também é tricampeã da Maratona de Nova York, tendo conquistado os títulos de 2004, 2007 e 2008.

Treinada pelo alemão Volker Wagner, o mesmo da queniana Tegla Loroupe, ex-recordista mundial da maratona, e da etíope Birhane Adere, ex-recordista mundial indoor para os 3.000 metros, com 8m29seg15, Paula foi a primeira mulher a quebrar a barreira dos 8min30. Em 1992, em Boston nos Estados Unidos, ela tornou-se campeã mundial Júnior de Cross-Country (feito repetido na categoria adulta em 2002, em Dublin na Irlanda). Em Bristol na Inglaterra (2003), tornou-se campeã mundial na meia maratona, com o excelente tempo de 1h06min47sec. Nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, foi a quarta colocada nos 10 mil metros com 30m26seg, sendo este seu melhor resultado para a distância (em pista).

Paula é uma das primeiras mulheres a defenderem a diferença que faz ter um equipamento adequado para a sua corrida, adaptado ao seu biotipo, para se conseguir tirar o melhor de si. Em entrevista, ela disse que trabalham juntos para ter a roupa mais adaptada às condições que ela estará correndo, garantindo que nada caia, escorregue ou incomode, pois só assim será possível extrair tudo de nós na corrida. Paula abriu os olhos das mulheres para o poder de uma roupa para corrida, não só para quem busca títulos, mas também para quem busca tirar das pistas a melhor versão de si mesma.

Falando nisso, você já ouviu falar sobre bermudas de compressão?

Depois de conhecer essas 05 corredoras com histórias inspiradoras, tenho certeza que você ficou com vontade de calçar um tênis, escolher seu equipamento de corrida e ir para as ruas correr. Acertei? Ah, e se você tem mais alguma história de mulheres que motivam, conte aqui nos comentários!

Curtiu a matéria? Convide alguma amiga corredora a ler e se inspirar também.

 

Escrito por Rafa Arlotta @rafaarlotta

Chegamos para inspirar e incentivar a mulher brasileira para que seja a melhor versão de si por meio da corrida. Somos a marca de roupas esportivas pioneira no país no conceito de Technical Activewear. Unimos design com propósito para oferecer roupas de alta performance com modelagem perfeita ao corpo das corredoras.
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