40 anos de corrida e performance: Conheça Vanessa Protásio.

Rio de Janeiro, 1981. Uma mulher com 28 anos, concluindo a faculdade de psicologia, um filho de 8 anos e o trabalho. Aparenta ter uma rotina comum entre as brasileiras. Entretanto, ela decidiu acrescentar algo aos seus dias: a corrida de rua.

Você pode achar algo comum ver mulheres corredoras hoje. Mas não era há 40 anos, quando não existia informação no mercado, redes sociais, treinadores para escolher ou sequer os inúmeros grupos de corrida. O esporte estava chegando ao país e era majoritariamente masculino.

Vanessa Protásio, Psicóloga e Sport Coach, corredora amadora, hoje aos 68 anos continua correndo pelas ruas. Mas carrega nesses 40 anos em que corre, 32 maratonas, a conquista do 1° lugar feminino na Meia Maratona da Ponte em 1981 e o 1° lugar feminino na Maratona do Rio em 1982, além de incontáveis provas, sempre chegando nas primeiras colocações.

Para abrir a nova série Authen, Falando sobre Corrida, convidamos ela para dividir conosco um pouco da sua experiência, numa entrevista que vai quebrar aquela imagem de que correr para performance é coisa das mais jovens. Confira essa inspiração na corrida!

Com a palavra, Vanessa Protásio!

Você sempre foi uma corredora de alto nível. Mesmo não sendo elite*, ganhou a Meia Maratona da Ponte Rio Niterói em 1981, a Maratona do Rio de 1982 e muitas outras provas, sempre chegando nas primeiras colocações. Como você conseguiu se manter com este alto rendimento, mesmo depois de 40 anos correndo?

Sempre mantive o rendimento porque tenho visão progressiva das coisas, motivação e hábitos saudáveis que me mantém motivada e uma disciplina nota mil. Mesmo cansada, eu levanto e vou! Quem manda não é motivação… Quem me conduz é a disciplina! Sempre monto o treino para um objetivo. Estou a 40 anos buscando me superar, não me coloco limites e não tenho um ponto final na minha história. Sempre acho que posso melhorar alguma coisa.

O que mudou na sua rotina de treinamento e na sua maneira de correr de antes, há 40 anos, e agora?

Acompanhei o crescimento da corrida no Brasil. Quando comecei havia poucas provas com muita qualidade, poucos corredores, mas todos de alto nível, mesmo não existindo treinadores de corrida.

Treinava em grupos de homens, pois eles eram mais rápidos e resistentes que as mulheres. Via eles correndo na orla e ia correr junto! Treinava muita resistência em longas distâncias. Não havia muita informação sobre rotina de treinamento para corredores e os diferentes tipos de treinos. Quando vinha informação, era das revistas de fora.

 

 

 

Então eu fazia o que existia em termos de treinos para se fazer: muita distância e zero academia. Me lesionei pouco pois eu era muito disciplinada e nunca passava dos limites. Levava uma vida normal (risos), tinha um filho de 4 anos, treinava 4h30 da manhã e depois 17h. E mesmo assim, no segundo ano de corrida já ganhei pódio. Acompanhei o crescimento da corrida e cresci junto. Ah, e também vi nascer a ciclovia.

Você acha que a maturidade, não só a idade, mas a maturidade física, te ajudou nesse processo de se manter em alta performance?

Eu acho que sim! Porque tudo que adicionei na minha fase de treinamento foi sabendo aonde eu queria chegar. Em uma prova de 20k eu largo na frente, nunca largo forte, depois pego meu ritmo e vou nele o tempo todo. Nas 32 maratonas que já corri, eu ganhei mais do que perdi. Mas perder não tem a menor importância, porque perder pra mim é só deixar de ganhar e não perder (risos). Tudo é aprendizado!

Todos meus resultados foram adequados à expectativa que eu tinha. É difícil ganhar de alguém que não desiste nunca.

Quais as principais lições que a “maturidade esportiva” (podemos chamar assim?) lhe trouxe?

Sempre prestar atenção no momento, focar nas suas ações, trabalhar a autoestima e autoconfiança, porque você sempre pode produzir um pouco mais. Durante esses anos, aprendi que cada um tem um lugar na prova, e temos que descobrir qual o nosso. Como um quebra cabeça, onde cada peça tem um lugar, qual lugar você ocupa com você mesma quando você está treinando? Isso é um processo de autoconhecimento que você desenvolve pra ir pra uma prova.

Descobri que não precisa ter pressa. Você vai chegar de qualquer forma. Você só precisa acreditar. Quanto mais acreditar que pode ultrapassar as barreiras, mais vai regular seus objetivos. A barreira a gente é quem cria.

Ganhei velocidade, troféus.. mas o maior ganho foi estar ao lado da saúde.. tenho 40 anos de corrida, percebo que o tempo passou e eu continuo correndo. Quem passa é o tempo.

 

Depois de anos de Psicologia, você decidiu ser Sport Coach. Explica para gente um pouco desta função.

O que aprendi na vida, eu coloco ao lado dos corredores e trabalho isso com eles. Dificuldades, pontos fortes, a busca, se conhecer, se permitir ir além.

As pessoas se questionam, duvidam, e isso não deixa elas atingirem os objetivos. Eu uso as ferramentas que usei em mim. Montei o modelo para buscar os melhores pontos para impulsionar o atleta para atingir seus objetivos e, principalmente, para ficarem felizes.

Como o fato de você ser Psicóloga e Sport Coach te ajudou a se manter uma esportista de alto nível, mesmo com o passar dos anos?

Eu me estudei ao longo do tempo para entender o que eu desenvolvi de diferente, dentro da psicologia e visão de corredora, para acreditar e continuar. Tenho 40 anos de corrida porque acredito que a corrida é saúde e vida, a corrida transforma. É um esporte livre e só depende de você.

Quais os pontos positivos e negativos que você enxerga de correr com menos idade e com mais idade (não vou falar mais velha, porque você continua super jovem)?

Negativos quando jovem: você não sabe muito e se apressa! Quer chegar logo e não vive o processo, a história da conquista. Já o positivo: você tem vitalidade, saúde e força ao seu favor. Lesões são mais rápidas de recuperar.

Mais velho você tem que ter sabedoria para perceber que você não pode fazer tudo. Mas pode fazer coisas muito melhor que antes, tem que fazer escolhas. Não dá pra fazer tantas provas, por exemplo. Esse é o ponto de sabedoria que você adquire quando vai ficando mais maduro.

Na sua visão, quais os principais pontos de atenção para as corredoras que já passaram da “meia idade”?

Menopausa é um ponto de atenção. Através dela me descobri outra pessoa. Não tive limitações. Eu me adaptei a esta fase. Ficava sem dormir e saia pra correr, não brigava com o sono, fui adaptando. Não briguei com minha natureza, me adaptei a ela.

Quais os cuidados que você tem hoje para correr?

Sigo a planilha, não fujo da programação e faço complemento com fortalecimento muscular e mobilidade. Para evitar lesões, eu procuro ter as melhores equipamentos para corrida, roupas da Authen e tênis com conforto.

Se você pudesse dar um recado para Vanessa que começou a correr lá atrás, o que você diria? E para as mulheres que querem correr 40 anos?

Eu diria: Acredite que é possível. Não existem barreiras. Eu acreditei e chego onde quero… ainda não cheguei porque estou construindo (risos). Tive dúvidas, medo? Tive. Mas eu diria pra mim: Acredite que é possível. Tá dentro da gente, não dá para o externo resolver isso, tá dentro de você. Vá buscar saúde!

A Vanessa encerrou sua entrevista com o recado que tentamos transmitir todos os dias: ACREDITE QUE É POSSÍVEL.Nossa missão, além de projetar os melhores equipamentos para esse esporte apaixonante que é a corrida, também é levar força! Contribuindo para que mulheres como você acreditem no potencial existente dentro de si.

 

 

Foco e disciplina são importantes para se chegar longe, mas a força interior é o que nos faz ir além.

Para seguir a Vanessa no instagram, basta clicar aqui. E você, já corre? Há quantos anos a corrida faz parte da sua vida? Você se vê correndo por 40 anos? Conta para a gente!

 

Escrito por Rafa Arlotta @rafaarlotta

Fotos: Arquivo Pessoal Vanessa Protásio

*Atleta de Elite: Corredor profissional, que faz do esporte seu meio de sustento.

Chegamos para inspirar e incentivar a mulher brasileira para que seja a melhor versão de si por meio da corrida. Somos a marca de roupas esportivas pioneira no país no conceito de Technical Activewear. Unimos design com propósito para oferecer roupas de alta performance com modelagem perfeita ao corpo das corredoras.
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