Correr de top: Como a corrida me ensinou sobre amor próprio!

Sabe essa mulher aí, feliz e empoderada, sem neura ou vergonha de correr de top? Essa sou eu, Dani Germano, apaixonada por histórias, corredora amadora há oito anos e incansável na busca de deixarmos de sermos tão bons em esquecer o que nos faz feliz. E hoje eu queria falar que nem sempre foi assim, mas sim, isso é uma conquista minha. E como esportista Authen, a marca pediu para eu compartilhar essa vitória com vocês.

Bom, faz tempo que não coloco o que sinto em palavras. Então, digamos que esse texto é mais um daqueles desafios que topo sabendo que me ensinaria algo… Como quando decidimos correr uma Maratona.

A minha relação com a corrida

Faz anos que corro. Foi durante a volta para casa depois de um dia desgastante de estágio voluntário na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro – como abandonei o Direito, preciso escrever o nome do lugar por extenso para dizer que aqueles cinco anos e aprovação na OAB não foram em vão, que percebi que precisava de uma válvula de escape. A corrida foi a escolhida para cumprir esse papel.

Na época, eu já tinha uma outra válvula de escape que era um blog de moda, que me rendeu excelentes frutos, como cobrir edições do Fashion Rio para o blog do Arlindo Grund. Mas eu precisava de um lugar que palavra, foto e cobertura alguma me levariam. Precisava de um lugar que só mesmo a corrida foi capaz de me levar.

Eu não tinha referências na corrida. Tudo aconteceu da forma mais natural possível. Naquela época, ainda acessávamos o Orkut, o Facebook era o último lançamento. Talvez, Deus tenha me contado em algum sonho que era para eu ir correr.

Em poucos meses, eu já tinha acumulado muitos quilômetros, já tinha diversas medalhas de provas de 5k penduradas na parede do quarto.

“Você não vai conseguir correr uma Meia Maratona”

Eu decidi entrar para uma assessoria de corrida, porque queria aumentar o meu volume de treinos (leia-se eu queria ver muitos números no campo de “quilômetros” do meu relógio).

Sempre quis experimentar esse negócio de correr longas distâncias, apaixonada pelo Rio… Junto a essa decisão, deixei o eterno “Blog And Dress Up” para escrever sobre minhas dores e amores relacionados à corrida, a minha preparação para correr os meus primeiros vinte e um quilômetros e ao meu amor pelo Rio que, diga-se de passagem, tem vinte e um como prefixo, no blog Zerovinteum.

Talvez essa sucessão de decisões tenha sido das mais acertadas que já tomei.

Empolgada por conseguir me superar a cada treino, por ser muito feliz a cada quilômetro “desbloqueado”, como fazem menção alguns perfis de corredores na biografia do Instagram, eu decidi anunciar aos quatro cantos do mundo, quer dizer, a cada canto que o roteador piscante que ficava na sala da casa dos meus pais pudesse fazer chegar.

Me fizeram ler: “Você não vai conseguir correr uma Meia Maratona, porque você não tem disciplina”. Logo eu, ex-atleta federada de nado-sincronizado. Sim, fui atleta.

Representei por um tempo o Fluminense. Treinava muitas horas por dia. Fazia mais de mil abdominais por dia. Aprendia e decorava os movimentos por bem ou na marra, graças aos gritos da minha treinadora, que até hoje tenho como referência de mulher. Eu sei, eu sei, talvez você não ache correta a postura de gritar para ensinar, mas você já esqueceu que eu disse que alguém me disse que eu não era capaz de realizar um sonho? Eu aprendi, aos gritos, a chegar ao topo do pódio.

O que deveria ser um treino de 18 quilômetros virou a minha primeira Meia Maratona completa em uma edição da Maratona do Rio. Semanas depois, embarquei para Buenos Aires para correr a Meia Maratona de lá e assim segui até completar a minha décima meia maratona.

Eu decidi parar de correr

Quando digo que começar a correr foi uma das decisões mais acertadas que tomei, é verdade. Mas preciso confessar que eu errei muito e deixei a corrida se transformar em algo tóxico na minha vida.

Eu queria ser mais rápida, mais magra e atingir padrões inalcançáveis. E eu parei de conseguir. E eu comecei a odiar o meu corpo.

Eu passei a ultra valorizar o que qualquer pessoa me falava, sem filtro algum. Me disseram que eu não era capaz? Eu me transformava num ser mais capaz do mundo. Aqui, fez falta ouvir minha mãe dizer: “você não é todo mundo”, mas isso é assunto para daqui a pouco.

A corrida me cansou como quem quebra no meio de uma prova. Eu decidi abandonar essa prova. Decidi parar de correr.

A busca por outro esporte

Esporte sempre moveu minha vida. Meus pais sempre me incentivaram a praticar esportes. Comecei a fazer natação com seis meses de vida, fiz karatê, judô, futebol, nado-sincronizado, tênis… Não era só decidir parar de correr. Era sobre encontrar um esporte que fosse meu.

Decidi, então, entrar no Crossfit. E foi tão agregador na minha vida. Eu saí destruída da prática incessante da corrida e o único lugar que me recepcionou tão bem quanto rolou no Crossfit, é a casa dos meus pais quando vou almoçar por lá num domingo qualquer.

Eu aprendi. Cada dia era uma descoberta, um movimento novo, um peso a mais. A cada treino, eu me sentia a mulher mais forte do mundo… e eu sou, era só questão de perspectiva.

Faltava aquilo que só a corrida tem

Comecei a fazer Crossfit todos os dias. Eu acordava bem cedo, treinava, tomava banho por lá e ia para o trabalho. A cada dia, a mulher mais forte do mundo se tornava ainda mais forte.

Mas por mais que o Crossfit tenha me ensinado a me ver como minha própria fortaleza, faltava “aquilo” que só a corrida tem.

Decidi me presentear com alguns treinos de corrida, mas minhas pernas pesavam. Ainda lembrando “daquilo” que só a corrida tem, fui diminuindo os treinos de Crossfit até perceber que o meu esporte é a corrida.

A Maratona de Nova York

Percebi que o Crossfit tinha me ensinado tanta coisa em tão pouco tempo, tinha me feito experimentar sensações com uma visão completamente diferente e que eu queria muito levar essas experiências para a corrida.

Eu sempre precisei de metas e decidi arriscar levar a minha melhor versão para correr 42 quilômetros pela primeira vez em Nova York. Me inscrevi na loteria e meses depois fui sorteada. Eu chorei muito, porque sabia que ia experimentar as melhores sensações da minha vida, sabia que estava prestes a realizar um dos meus maiores sonhos.

A pandemia

Enquanto colocava um projeto na rua, o canal Zerovinteum, lá em Buenos Aires, esse negócio de Covid-19 tomou a proporção que já sabemos.

Foram momentos muito difíceis. Eu precisei pausar esse sonho em outro País, porque lá precisei fazer lockdown imediatamente. Voltei para o Brasil e poucas semanas depois fui demitida. Tudo parecia estar completamente fora do lugar. Há dias eu chorava de emoção por começar a planejar a Maratona de NY e, naquele momento, tudo parecia escorrer por entre os meus dedos.

O entender que não existe lockdown para realizar sonhos

Com o lockdown, eu entendi que não tenho controle de tudo, mas que posso fazer muito por mim com tão pouco. Em um dos dias de quarentena, eu pedi para o Gui, meu marido, fazer essa foto minha:

Arquivo pessoal: Dani Germano
Foto: Gui Leporace

Eu decidi fazer essa foto, porque eu não aguentava mais, em meio ao caos, receber conteúdos dignos de construir o tal do “medo de engordar”, como se já não nos bastassem as questões política, econômica e social em um País que se supera negativamente a cada dia.

Durante aquele início de quarentena, eu percebi que, na verdade, foi uma pressão estética que me fez decidir parar de correr. Com essa decisão, eu engordei alguns quilos, afinal, abandonei meus mais de sessenta quilômetros semanais de corrida.

O lockdown de muitos dias, a quarentena de muitos meses e o distanciamento social que até hoje perdura me fizeram entender goela abaixo que eu ia precisar adiar o meu sonho de correr a minha primeira Maratona.

Na quarentena, eu aprendi que o meu corpo e a minha cabeça são os meus lugares preferidos e tenho cuidado deles, desde então, com o maior carinho, respeitando cada sinal e entendendo que, em meio aos meus privilégios, são eles que comandam as coisas por aqui.

Eu precisei do caos aqui dentro para entender que não existe lockdown para realizar sonhos. Eu precisei deixar pra lá o sonho de correr quarenta e dois quilômetros, mas tenho realizado o maior dos sonhos que sequer sonhei: o de me amar e de me conhecer um pouco mais a cada dia.

“Você não é todo mundo”

Alguns bons meses depois, liberaram a prática individual de esporte ao ar livre. Eu catei umas ruas desertas do meu bairro e voltei a correr. Me entender, me aceitar, me respeitar me fizeram voltar a sentir a corrida do jeito que ela me faz vibrar.

Lá em cima eu disse ter sentido falta de ouvir minha mãe dizer que eu não sou todo mundo em alguns momentos dessa vida adulta. A verdade é que, a gente cresce o tempo inteiro aprendendo a se comparar o tempo inteiro. Todo mundo tem um amigo, na escolinha, que tira notas melhores, que tem as melhores canetas coloridas – e com cheirinho, se você é da minha geração e nunca cheirou a caneta de pipoca algo de errado rolou. O único momento da nossa infância em que não nos comparamos é quando dizemos:

– “Mãe, todo mundo faz isso!” . E recebemos como resposta aquele quase estridente: – “Você não é todo mundo”.

Eu entendi que “eu não sou todo mundo” em absolutamente tudo! Porque não dá pra vivermos a vida nos comparando o tempo inteiro. A gente precisa ser o nosso próprio padrão.

Eu nunca me relacionei de maneira tão sincera e gostosa com a corrida, juro. Talvez, ter ficado tanto tempo longe por obrigatoriedade tenha me ensinado a valorizá-la mais. Mas, a verdade, é que eu, finalmente, passei a entender que eu corro justamente por amar o meu corpo e isso é revolucionário.

Arquivo pessoal: Dani Germano
Foto: Gui Leporace

Precisamos de diversidade

Uma das experiências que nunca pensei em ter, mas que muito me ensinaram e enfatizaram a minha mudança de pensamento, praticamente libertadora, foi quando fui convidada pela Authen, para fotografar algumas peças da marca em estúdio.

Devo confessar que eu nunca dei um sim com tanta vontade e força. Na mesma hora, eu pensei: “Eu preciso ir. Não vai ser a Dani na frente daquela câmera. Vão ser várias, centenas, milhares de pessoas”. Meu subconsciente me fez entender a importância daquele momento não só na minha vida, mas na de muitas mulheres que correm.

Eu acredito que precisamos de diversidade para entendermos e, principalmente, nos identificarmos, nos sentirmos parte de um todo. Louco pensar que a Dani, corredora de muitos anos atrás, com uns 15 quilos a menos, nunca teria topado isso.

O que eu quero que você saiba é que…

Correr é um ato de conexão, de autoconhecimento e de celebrar o amor próprio. E correr de top reforça tudo isso a cada metro.

Se você ainda não experimentou a sensação de correr “só” de top por receio de olhares, acredite, lembre-se do principal motivo de fazer isso, do quanto isso representa. É libertador a ponto de apenas o seu próprio olhar importar!

 

Texto escrito por Dani Germano.

Chegamos para inspirar e incentivar a mulher brasileira para que seja a melhor versão de si por meio da corrida. Somos a marca de roupas esportivas pioneira no país no conceito de Technical Activewear. Unimos design com propósito para oferecer roupas de alta performance com modelagem perfeita ao corpo das corredoras.
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13 comentários em “Correr de top: Como a corrida me ensinou sobre amor próprio!

  1. Que história maravilhosa! Super me identifico! Há dez anos comecei a correr, mas dei uma pausa quando meu 2o filho nasceu. Hoje ele tem 6 anos de idade e vivo recomeçando a correr, por conta dos quilos a mais. E confesso que correr de top é uma vontade que tenho, mas tenho vergonha. Mas ainda desbloqueio esse cadeado… Magrela ou não!!!

    Parabéns pela história!!!!

    1. Amei 🥰.
      As 1as vezes q corri de top tive medo do pensamento alheio, aos 52 anos de idade, não me preocupo mais. O q me faz feliz é a sensação de liberdade q a corrida me traz. Amo muito essa sensação. Desde q começou a pandemia, já inscrita para minha 1a maratona do Rio, há 2 anos esperando e sonhando. Agora estou PRONTA para esse desafio. Nessa preparação Já consegui os 42, mas meu sonho planejado foi o Rio .
      Correr…
      é a mais pura liberdade.
      Hj correr de top e shortinho é meu cotidiano…pensamento alheio????E eu com isso????Rsrsrs

  2. Parabéns, q história maravilhosa.Tenho certeza que muitas se identificaram como eu.
    Corro a cinco anos, conseguir fazer minha primeira meia maratona à dois anos,assim já fiz mais três.
    À corrida foi e é minha melhor decisão, pois liberte- me de várias toxinas, remédios de depressão, colesterol e outros.
    Mas, ainda ñ tenho coragem de usar top!!🙈😘

  3. Caramba! Que experiência! Sempre quis correr, mas só comecei em Fevereiro de 2020 e até agora vivo um processo de altos e baixos com ajustes internos e externos, em meio a pandemia, condicionamento físico, lesões, controle das emoções, auto conhecimento, encontro na corrida a melhor parte de mim.
    Ainda estou em processo de auto aceitação. A corrida já me fez permitir tirar mais selfes sorrindo, me fez investir em roupas (amo Authen!) e acessórios me mostrando que também sou vaidosa, mas ainda preciso me libertar de preconceitos comigo mesma, me aceitar mais, me enamorar a ponto de sair só de top. Eu até comprei um conjunto da Authen com esse propósito, mas ainda não inaugurei. Vou continuar me trabalhando e me permitir, ser eu, ser livre. Obrigada pelo depoimento.

  4. Adorei demais seu relato. Obrigada! Corro há dez anos e já me cobrei tanto por ser cada vez mais rápida, permitindo também que um treinador fizesse isso comigo, que tive uma lesão e fiquei com raiva da corrida. Parei 2 anos e só voltei quando percebi que correr era muito mais do que ser rápida e me fazia muita falta. Hoje meu foco é correr pra sempre e me superar a cada semana. Tenho uma treinadora que me respeita e me ajuda a alcançar meus objetivos. Só tive coragem uma vez de Correr só de top, mas quero fazer isso mais vezes. É ddifícil não se importar com os olhares, mas é libertador.

  5. Parabéns pela linda matéria, vcs com toda certeza nós inepiram a ir sempre além!!!
    Dani, obrigada por compartilhar sua história, me enxerguei em vários momentos, principalmente na parte do parar a corrida e iniciar o Cross, ah, eu tbm voltei p corrida….
    E não desista da maratona, sem dúvidas é um dos momentos mais lindos da vida a sensação é única!!!❤️

  6. que linda história… me deparo sempre com essa vergonha de correr de top, mais vontade não me falta rsrsrsr o que me atrapalha é a vergonha de ser julgada justamente por olhares criticando você e a forma como está seu corpo, sua performance enfim… padrões que julgam não ser adequado. mais vou trabalhar isso siiimm e vou me libertar. #authen#correrdetopsim#corridafeminina#vamosjuntas.

  7. Super me identifico nessa história.
    A parte onde ela comenta sobre a corrida ficar viciante e querermos ir mais além, é algo surpreendente, é uma adrenalina que nos toma por completo.
    Com a pandemia, tudo mudou, os treinos mudaram, a vida ficou apreensiva ao meio deste caos que vivenciamos.
    Como ela, também ganhei aqueles quilos a mais, e até hoje não consegui mais recuperar minha atividade como era antes.
    E as fotos, adovara tirar de top, mas minha auto estima acabou indo embora junto com minha performance.
    Mas venho lutando, nao desisto, e amo as roupas de corrida da Authen e acompanho sempre as publicações, pois elas me auxiliam nas minhas dificuldades.

    Parabéns pela história….

  8. Tudo que faço cm relação, a caminhada 3× por semana, ir ao Studio 3 × por semana e ao pilates 1× n semana.
    Sempre será para mim e por mim.

  9. Conversa daquelas que faz o início do nosso domingo melhor!
    Parabenizo voce pelo relato, pela trajetória de superação e aceitação.
    Sou corredora, e não corro maratonas, corro os meus 5k , 5 x por semana e me sinto muito bem!
    Já corri 12k, mas entendi que devemos respeitar o nosso corpo dentro do limite dele!
    Que sua história inspire muitas!!!!

  10. Eridice Araujo, sou corredora a mais de 20 anos, um dos meus sonhos correr de top, mas ainda não tenho coragem, de repente lendo essa história e o verão chegando vou até tirar a camiseta .🙏

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