Mitos e verdades: Correr envelhece?

Quem nunca foi aconselhado a manter distância da corrida, porque ela provoca envelhecimento precoce? É muito provável que você já tenha ouvido falar por aí que correr envelhece a gente mais rápido, estraga a pele, libera radicais livres e faz mal à saúde. Será que a corrida realmente pode acelerar o envelhecimento da corredora? Você já procurou informações de fontes consistentes para averiguar essa situação e ter sua própria opinião de forma consistente? Neste texto vamos descobrir os mitos e verdades sobre este assunto.

Radicais livres X Antioxidantes:

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo mostrou que durante a corrida a produção de substâncias que podem oxidar as células, os famosos radicais livres, é maior do que em atletas que não praticam atividade física intensa. Durante o exercício intenso, as corredoras respiram mais e, por isso, produzem mais dessas substâncias. Os responsáveis pelo envelhecimento são os radicais livres, daí o mito da relação com a corrida. Mas esse mesmo estudo diz que em repouso, o organismo equilibra isso, produzindo mais antioxidantes.

A nutricionista esportiva do Clube de Regatas do Flamengo e do COB, a também corredora com diversas corridas entre 5km e 21km, Renata Marques Toews Parra (CRN 08100-122) diz: “a corrida, assim como todos os esportes de Endurance, pode estar relacionada a um envelhecimento precoce da nossa pele por conta do excesso de Radicais Livres que o nosso corpo produz. Isso é um mecanismo normal.

É como se fosse um “imposto que o nosso organismo precisa pagar para produzir energia para o exercício”. E é super importante que isso aconteça para que nosso corpo possa produzir defesas antioxidantes para eliminar essas “substância ruins”, que irão atrapalhar também na recuperação muscular. Por isso, uma alimentação rica em alimentos antioxidantes pode ser o melhor aliado para evitarmos esse envelhecimento precoce. Vamos caprichar no consumo de vitamina C, Magnésio, zinco, selênio, ômega 3, compostos bioativos (resveratrol, quercetina…).”

Estas substâncias podem ser encontrados em frutas, vegetais, legumes e cereais e principalmente nos alimentos que são fontes de vitamina A, C, E e selênio. Assim, a balança pode equilibrar positivamente para as corredoras, principalmente as amadoras, se as mesmas seguirem uma alimentação mais saudável, rica desses nutrientes.

Além disso, pesquisas revelam que a corrida de longa distância em doses moderadas, com o preparo adequado e orientação de um profissional capacitado para realização da sua rotina de treinos, ajuda a combater o estresse oxidativo (que é o responsável pela formação de radicais livres que aceleram o envelhecimento) e que o exagero acaba aumentando esse mesmo estresse.

Os radicais livres favorecem o envelhecimento celular e os antioxidantes combatem esta ação reduzindo a velocidade do envelhecimento do organismo. Sendo assim, parece que a palavra de ordem aqui é, então, o equilíbrio. Correr só vai acelerar o envelhecimento celular se a atleta não tomar os devidos cuidados.

Correr envelhece também a pele?

A pele, assim como nosso organismo como um todo, sofre modificações fisiológicas ao longo dos anos e naturalmente envelhece. Este processo evolutivo passa por fatores intrínsecos (cronológicos) e extrínsecos que envolvem tipo de alimentação, ritmo de vida, atividade física, exposição solar, qualidade do sono e outros. Ou seja, envelhecimento precoce (a partir dos 20 anos) é causado principalmente por hábitos de vida ou fatores externos que induzem a produção de… radicais livres (olha eles aqui de novo!).

Quando falamos de corredoras e os tais radicais livres, quando estes estão presentes em grande quantidade nas células, afetam sua integridade, aumentando a degradação das fibras colágenas elásticas e do ácido hialurônico, levando à flacidez e diminuição da densidade da pele. A Dra. Andrea Mychelayne Alves Nunes, (CRMRJ 52827479), médica dermatologista explica que “com relação a atividade física, sempre que nos exercitamos liberamos os chamados radicais livres que são responsáveis também pelo envelhecimento cutâneo. Claro, atividades de alto impacto como a corrida acabam liberando uma quantidade maior dessas substâncias. Mas, então, o que fazer? Parar de se exercitar?

A resposta é: claro que não! Alimentar-se de forma saudável, eliminar hábitos nocivos, ter uma boa noite de sono, aumentar a ingestão hídrica, usar roupas com proteção solar, fazer uso de fotoprotetores e substâncias conhecidas como antioxidantes orais podem te ajudar a manter o corpo, a mente e a pele sãos!”. Ou seja, novamente a chave é tentar equilibrar esse estresse oxidativo com ingestão de substâncias antioxidantes. E, em se tratando de pele, cremes com vitaminas também podem ser de grande ajuda.

Outro ponto do estudo da UNIFESP sobre a relação entre envelhecimento da pele e corrida é sobre a exposição ao sol. Atletas que praticam corrida de rua estão sujeitos aos raios ultravioletas que, em excesso, aceleram esse processo. Então tome cuidado! Mas, nesse caso, a solução é simples: filtro solar, como defende a Dra. Andréa, adequado à prática esportiva, óculos, viseiras com proteção solar e roupas leves e adequadas, também com fator de proteção solar.

É muito importante lembrar que filtros solares devem ser reaplicados a cada 45 a 60 minuto de prática de atividade física e isso vale mesmo para os filtros específicos para prática de esporte. As mulheres devem ter cuidado especial com os seios. Hoje existe top esportivo específico, que dá a sustentação adequada, com modelos que protegem o colo e tecido com proteção UV.

Mito ou verdade: correr faz o bumbum cair?

Mito!!! Por ser um exercício de muito impacto, a corrida gera uma perda de colágeno mais acentuado. Já em relação ao bumbum, a corrida de fato pode causar flacidez na pele. Porém, o músculo fica rígido. Como os glúteos são ativados durante a atividade, isso garante uma musculatura definida. Ou seja, a flacidez é apenas cutânea e existem métodos que podem aliviá-la, como o uso de roupas de corrida adequadas.

Você já deve ter ouvido falar em roupas para correr com compressão ou alta compressão. Quando pensamos em melhorar a performance e prevenção de lesões e de flacidez, é percebemos os benefícios do uso desses equipamentos a prática desse esporte. Sua utilização reduz a vibração muscular causada pelo impacto prolongado, diminuindo as microlesões da corrida e a flacidez.

Listamos abaixo as principais dicas para evitar os efeitos negativos da corrida

1. Equilibre a quantidade a produção de radicais livres (excesso de treinos) com alimentação rica em antioxidantes;
2. Em relação à pele, abuse de cremes com vitaminas para ajudar na oxidação da pele, além de filtro solar e acessórios como bonés e viseiras, também com fator de proteção;
3. Use roupas adequadas, com fator de Proteção Solar e com compressão na medida certa; Existem diversas bermudas de compressão que podem ajudar você nisso.
4. Tenha acompanhamento para saber dosar os treinos, a alimentação e o descanso para evitar um desequilíbrio no envelhecimento natural;

Correr ou não correr?

O corpo humano não foi feito para ficar parado. A corrida, assim como qualquer outra atividade física, traz energia, resistência e melhora o condicionamento cardíaco e imunológico. Além disso, ajuda a prevenir doenças como hipertensão, osteoporose e depressão. Então a sugestão é corra! Mas procure um bom professor de Educação Física para montar seus treinos, se alimente corretamente, tome cuidado com o sol, descanse, e preventivamente, faça acompanhamento com um dermatologista. Seja feliz e não se preocupe em envelhecer por causa da corrida!

Mito desvendado, agora é calçar um tênis, uma boa roupa de corrida, passar o filtro solar em todo o corpo e sair para correr. E se você gostou dessa matéria, compartilhe para ajudar outras mulheres a se cuidarem cada vez mais!

Escrito por Rafa Arlotta @rafaarlotta