Corrida e menopausa: Será que combinam?

Ao entrar no mundo da corrida, passamos por várias etapas até alcançar nossos objetivos. Cada mulher no seu ritmo, no seu pace e nos seus planos. O esporte, para muitas de nós, é nosso maior aliado não só na luta por uma vida mais saudável, na busca pela melhor versão de si mesma e ainda no enfrentamento dos desafios pelos quais apenas nós mulheres passamos.

Entretanto, vale ressaltar que a saúde da mulher também passa por diferentes fases. E se a corrida nos traz de benefícios uma longevidade, é comum ver mulheres atravessando anos de suas vidas praticando essa atividade física.

Por isso, hoje falaremos sobre a menopausa e como o esporte pode ajudar na transição dessa nova fase. A médica ginecologista e obstetra, Dra. Jhulha Campos CRM 11075 I RQE 4136 conta as principais dúvidas das mulheres corredoras sobre esse assunto.

O que é a menopausa?

A menopausa é definida como a última menstruação devido a diminuição da função do ovário. Mas essa última menstruação só pode ser chamada assim após um ano do seu término, pois é quando o ovário para sua produção de óvulos, sinalizando o fim da vida reprodutiva da mulher.

Na maioria dos casos acontece entre 49 e 51 anos. Quando ocorre antes dos 40, pode ser considerada como menopausa precoce e quando ocorre após os 55 anos, como menopausa tardia.

Como saber se estou na menopausa?

É recomendado, independente da idade e se praticam ou não atividade física regular, que as mulheres façam exames periódicos gerais. Nesses exames, o profissional perguntará sobre saúde em geral, sintomas, etc e retrospectivamente (geralmente para mulheres com mais de 50 anos) quando ocorreu a última menstruação. Se foi há mais de um ano, essa data passa a ser o momento da menopausa.

Foi assim que Valéria Cordeiro, 50 anos, mãe e corredora amadora há mais de 9 anos, com mais de 200 provas concluídas, descobriu o que estava acontecendo com ela:“Em dezembro de 2019 (na época com 49 anos), estava me sentindo estranha, ondas de calor, insônia, irritabilidade, suores noturnos etc. Então procurei meu ginecologista e ele pediu exames e me alertou que poderia estar entrando na menopausa. E depois dos exames era o que estava realmente acontecendo.”

Valéria relatou alguns sintomas da menopausa como seu ponto de atenção na procura do médico, então pedimos para Dra. Jhulha Campos nos listar os principais e quais alterações as mulheres que estão entrando nesse período podem perceber.

Principais sintomas

• Ciclo menstrual irregular: Queixa mais frequente neste período de transição da vida reprodutiva para a menopausa. Ocorre alteração na intensidade do fluxo, frequência e duração do fluxo menstrual, sendo comum a ocorrência de sangramento aumentado. Consequentemente as alterações da secreção encaminham para encurtamento dos ciclos até parada total;
• Fogachos (as famosas ondas de calor): Súbita sensação de calor intenso que se inicia na face, pescoço, de forma transitória e recorrente, que se generaliza, acompanhada de suores;
• Sensações de ansiedade e a ocorrência de calafrios podem acontecer;
• Alterações do sono;
• Alterações do humor;
• Alterações da libido.

Alterações a longo prazo

• Atrofia genital e urinária: ressecamento vaginal, dor durante a relação e infecções vaginais recorrentes;
• Alterações cardiovasculares;
• Alterações ósseas e articulares: Osteoporose.

Quando procurar seu ginecologista?

É muito importante que você faça seu seguimento anual com seu ginecologista e iniciando os sintomas da menopausa você seja avaliada, orientada sobre o diagnóstico e caso necessário seja realizado o tratamento.

O impacto no estilo de vida

Todos os especialistas são unânimes nesse ponto: A atividade física regular é a melhor amiga da mulher na menopausa. Exercícios físicos são de suma importância não apenas nas fases onde os hormônios estão baixos, mas em todas as idades.

A empresária de 61 anos, ex Gestora de RH e corredora desde início da década de 70, Maria Lucia Mainart Arlotta, relata que “Sem dúvida a corrida ajudou muito a enfrentar as mudanças que estava sentindo, fora a questão da mobilidade e do esforço equilibrado. Não senti diferença de desempenho e os calores eu só sentia a noite. Sobre a corrida, nem dava vontade de parar.”

Ponto de atenção: Osteoporose!

Como vimos anteriormente, após a menopausa, a taxa de perda de massa óssea aumenta significativamente, o que pode levar à Osteoporose.

Então, procure um médico, pois dá tempo de correr atrás da sua massa óssea. Um dos tratamentos não medicamentoso para reduzir o risco de desenvolvimento de osteoporose na pós menopausa incluem:

1. Exercício físico;
2. Dieta rica em cálcio;
3. Interrupção do tabagismo;
4. Abstenção de ingestão de bebida alcoólica excessiva;

Valéria usou dessas dicas, principalmente para controle da ansiedade e variação hormonal: ”Acrescentei nas minhas refeições, mais proteínas, fibras, cálcio, reduzi o café e passei a tomar mais chá de erva cidreira e hibisco. E isso contribuiu para diminuir a minha ansiedade. Continuei a correr, com certeza a atividade física me ajuda muito nesse processo.”

Observação importante: Antes de iniciar qualquer atividade física, você deve ser avaliado pelo seu médico e um educador físico, para estabelecer seus limites. Caso a mulher seja sedentária a perda óssea fica muito mais séria, aumentando o risco de Osteoporose. Começando a correr? Vai devagar.

Saúde mental na Menopausa

Nessa fase, 65 a 85% das mulheres relatam sintomas depressivos. A prática de atividade física também ajuda a saúde mental da mulher que está passando pela menopausa. A corrida leva a uma socialização, ao contato com pessoas e troca de experiências e convivência com diferentes grupos e ambientes. Isso estimula a autoestima e a memória, prevenindo a depressão.

Portanto, mulheres, não deixem de fazer atividade física. Corram. Seja nas ruas, na esteira ou nas trilhas. Cuidem-se! Todas as fases da vida passam por transições, e a busca pela sua melhor versão não precisa parar. Adapte-se. A corrida vai te ajudar nessa transição.

Adote medidas saudáveis e seja acompanhada por um profissional que te ajude nessa fase.

Envelhecer não deve ser encarado como um fardo. É um processo natural que carrega muitas experiências. Por isso, abrace o processo.

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Texto adaptado por Rafa Arlotta @rafaarlotta. Supervisão médica de Dra. Jhulha Campos.