Começa o novo ano e todas nós ficamos mais propensas a pensar nas nossas vidas. Revisitamos nossas relações sociais e interpessoais, como estamos vivendo e como gostaríamos de viver e o que sentimos. Refletimos todas as nossas emoções de uma maneira geral.
Para aproveitar esse momento, no primeiro mês do ano, inicia-se a Campanha Janeiro Branco, fazendo com que os olhares do mundo se voltem para o que se passa na cabeça de cada um de nós.
O objetivo da campanha é chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas.
E como a informação gera conscientização, muda paradigmas, combate tabus e orienta a respeito de importantes questões relacionadas às vidas de todo mundo, trazemos hoje uma entrevista com a Esportista Authen, Gabriela Marques, 25 anos, bipolar tipo 2, social mídia e meia maratonista, para inspirar suas ações e reflexões sobre tudo isso.
Com a palavra, Gabriela Marques!
O esporte entrou na sua vida através do tratamento da saúde mental ou não?
Não. A corrida entrou na minha vida sem avisar. Eu não tinha ideia do bem que poderia me causar. Lembro como me senti viva como não me sentia há tempos, naquele dia 16/11/2014.
Qual sua história com a saúde mental?
Fui diagnosticada aos 15 anos como bipolar tipo 2. Tenho histórico familiar de transtornos, histórico de tentativa de suicídio, crise de estresse e crise de pânico. Quem me conhece hoje não imagina meu passado por tanta estabilidade mental que eu tenho.
Eu estudei o meu problema até dominá-lo. Entendi meus gatilhos, mudei meu estilo de vida, minhas amizades, meus relacionamentos, eu mudei tudo por mim, porque ninguém me ama mais que eu.
Como você concilia o tratamento da saúde mental com o esporte?
Eu entendi o bem que me fazia. Os médicos sempre me disseram que a corrida me salvaria, além de ajudar no efeito dos remédios.
A partir do momento que eu escolhi me tratar e lutar por mim, para ter uma vida estável, entendi que o maior prazer da corrida na minha vida não era só a endorfina do pós-treino, mas também nunca mais ter pensamentos suicidas.
Parece forte falando, mas a gente precisa falar sobre essas coisas. Porque isso passa na cabeça de muita gente, o tempo todo, e elas se sentem perdidas e sozinhas achando que o problema não tem solução e por isso não buscam ajuda.
Você continua se tratando?
Sim, me trato com profissional da saúde e com o esporte. E aqui ressalto a importância de dizer que não importa o esporte, o que importa é você se encontrar e entender que aquela ação não é só um treino, é parte de algo que mantém sua sanidade.
Isso traz mais responsabilidade para o esporte, mas te lembra nos dias que é complicado sair da cama o quanto você precisa daquilo.
O que a corrida representa na sua vida?
Vida, porque foi através da corrida que eu voltei me sentir viva e quis viver de verdade.
Qual sua visão sobre a abordagem social da saúde mental?
Eu acho que já evoluímos muito, mas temos um caminho enorme pela frente. Quando eu decidi falar para as pessoas o meu diagnóstico, eu já tinha passado por uma briga interna e um longo período de aceitação.
Se é difícil pra gente aceitar, imagine aceitar que além de se aceitar terá que lidar com o julgamento alheio que ainda existe. A gente precisa urgente normalizar o tratamento da saúde mental.
O cérebro também pode ter problemas como outras partes do corpo humano, e por que não podemos falar sobre isso, até quando…
Existem muitas pessoas sofrendo caladas por se acharem sozinhas nessa luta, e por isso eu não escondo. Para que as pessoas entendam que elas não estão sozinhas nessa jornada.
Para fechar, qual a sua mensagem para quem está tratando a saúde mental?
Sua mente manda em todo o resto. Faça dela a prioridade da sua vida e lembre-se quem você é, porque só assim nada vai te derrubar. Lute por você.
O maior amor por você mesma é o seu. Não tenha medo, marque um médico, comece um esporte novo. Nem todos os dias vão ser perfeitos, mas eu afirmo que as vezes eu nem me lembro do meu diagnóstico, só indo ao médico e quando tomo meus remédios.
A vida pode ser muito melhor do que a gente imagina e o seu eu do futuro está ansiosa te agradecendo por ter começado hoje a escolher você.
Gabriela tem uma história forte e que ainda não chegou ao fim. A luta é diária e, com ajuda, ela encontrou as armas para vencer suas batalhas internas. Se você se sente como a Gabi se sentia no início, procure orientação. Não se sinta sozinha.
Comece pela informação. Para saber mais clique em Janeiro Branco. E se você gostou desse conteúdo, compartilhe esse texto para ajudar outras mulheres a se cuidarem cada vez mais!
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